sábado, 31 de julho de 2010

Capítulo Final de DOM CASMURRO.

E Bem, e o Resto?
Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada.
...
O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente.
                                                                                                                    Dom Casmurro, p.271.


Sempre fica a pergunta se Capitu traiu ou não Bento. Isto pouco importa numa obra que deixa ao leitor uma sensação de voltar ao início. As suspeitas em relação à Capitu começam a surgir já na primeira parte com as referências feitas por José Dias. Seu discurso apimentando o pensamento de Bentinho que até então não alimentava tal sentimento.


A obra adaptada para a telona deixa claro aos espectadores o equívoco cometido por Bento. Por isso, penso que a leitura antecede a tela de cinema em que o narrador consegue confundir o leitor e o faça pensar descobrindo assim, várias possibilidades.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Belo Poema de Victor Hugo

Victor Hugo




Desejo primeiro que você ame,

E que amando, também seja amado.

E que se não for, seja breve em esquecer.

E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,

Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,

Que mesmo maus e inconseqüentes,

Sejam corajosos e fiéis,

E que pelo menos num deles

Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,

Desejo ainda que você tenha inimigos.

Nem muitos, nem poucos,

Mas na medida exata para que, algumas vezes,

Você se interpele a respeito

De suas próprias certezas.

E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,

Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,

Mas não insubstituível.

E que nos maus momentos,

Quando não restar mais nada,

Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,

Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,

Mas com os que erram muito e irremediavelmente,

E que fazendo bom uso dessa tolerância,

Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,

Não amadureça depressa demais,

E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer

E que sendo velho, não se dedique ao desespero.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e

É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,

Não o ano todo, mas apenas um dia.

Mas que nesse dia descubra

Que o riso diário é bom,

O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,

Com o máximo de urgência,

Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,

Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,

Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro

Erguer triunfante o seu canto matinal

Porque, assim, você sesentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,

Por mais minúscula que seja,

E acompanhe o seu crescimento,

Para que você saiba de quantas

Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,

Porque é preciso ser prático.

Eque pelo menos uma vez por ano

Coloque um pouco dele

Na sua frente e diga `Isso é meu`,

Só para que fique bem claro quem é o dono dequem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,

Por ele e por você,

Mas que se morrer, você possa chorar

Sem se lamentar esofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,

Tenha uma boa mulher,

E que sendo mulher,

Tenha um bom homem

Eque se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,

E quando estiverem exaustos e sorridentes,

Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,

Não tenho mais nada a te desejar.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Que Machuca a Alma.

Li que o tempo foge e sempre leva a gente.
Não sei de que tempo estão falando, mas sei que o tempo tudo cura. Os lamentos, as cicatrizes que a dor de amar sem ser amado deixa e que parece ser pra sempre. Como já disse o poeta o pra sempre sempre acaba.
Não sei se é justo dizer que amar sempre vale a pena e que a dor de amar não envelhece esse sentimento tão cantado em versos.
Sofrer por alguém que não te quer mais. O desprezo muito fatalmente transformará aquilo de bonito e puro em algo pequeno e mórbido, desprezível.
Que sinceridade haverá em palavras repetidas de te amo mais não te quero mais. Que história hipócrita de que não quero te fazer sofrer, já fazendo, sabendo que o fez.
As favas com palavras doces. Melhor a dureza das palavras. Assim nada restará. Nem vontades, nem sonhos.

sábado, 10 de julho de 2010

Sociedade dos Poetas Mortos

Me impressiona a sutileza com a qual este filme retrata a importância da leitura de mundo
e como é possível expressar tais sentimentos e motivar o jovem com delicadeza, com amor a arte de escrever.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sobre a narrativa dos Contos de Fadas:

Para atingir integralmente suas propensões consoladoras, seus significados simbólicos e, acima de tudo, seus significados interpessoais, o conto de fadas deveria ser contado em vez de lido.
No conto de fadas, os processos internos são traduzidos em imagens visuais. Por esta razão, depende em grande parte dos sentimentos do narrador se o conto cai no vazio ou é apreciado. Eles descrevem estados internos da mente por meio de imagens e ações.

A metamorfose é uma novela que encena "estranheza".

Ao reler O Aleph, lembrei-me de Kafka, e, mais ainda, a leitura da obra "A metamorfose". Sobre esta, partindo da necessidade de rever alguns conceitos.
A leitura da obra é extremamente atual, em que pese ter sido escrita em 1912, contextualizada no momento histórico da crise da "Bélle Époque" que antecede a 1ª Guerra Mundial, Kafka está em meio a uma crise existencial, religiosa e racional, poderia ser chamada de crise da modernidade.
Neste livro, fica evidente a desesperança do ser, o pessimismo com relação ao futuro, à falta de respostas às questões mais simples e as mais profundas. Enfim, A metamorfose é uma obra agressiva, verídica, mordaz e, acima de tudo, de resgate de valores e princípios.
A metamorfose do caixeiro viajante Gregor Samsa em um inseto nojento nos remete a uma série infindável de questionamentos, como solidão em sua plenitude, no íntimo indissolúvel, de nada adianta estar com alguém pois o passado e as experiências são únicos. E, perante o mundo e o todo há um nada insignificante. Daí talvez, a metamorfose tenha sido percebida por Gregor ao despertar pela manhã, imaginando-se num sonho que possivelmente somatizasse sua realidade. A necessidade de isolamento, de fuga, já que o protagonista sentia-se reconfortado em não mais ter compromisso com a família, trabalho e sociedade como um todo.
A morte reconciliada de Gregor.
"A Literatura entra nos detalhes, não é só a descrição do estado de um personagem."

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Literatura Fantástica.


O que representa na América Hispânica a chamada "nova narrativa hispano-americana", que vai culminar com o uso da estética do fantástico(antes chamada de Realismo Mágico).
Para isso é preciso que se estabeleça uma diferença entre os escritores que pertencem ao Maravilhoso, ao Estranho e propriamente ao Fantástico.
Certa vez, li um texto de Borges: O Aleph. Incrível a sensação que me causou, o estranhamento. Esse texto foi discutido em sala de aula (aula do professor Luiz Fernando); parecia que eu tinha perdido alguma coisa, o fio da meada. Em pesquisa sobre o assunto encontrei autores magníficos como Carlos Fuentes, Manuel Puig. O professor com toda propriedade aguçou minha curiosidade, e então, de estranhamento - que é natural dos textos - passei a entender que O Aleph, simboliza o momento de uma vida, a partir da recriação do surreal o autor além da invenção da realidade cria uma outra acima desta fantasia. O Aleph é um dos pontos do espaço que contém todos os pontos. Borges, ao criá-lo ficcionalmente, apropria-se de conceitos metafísicos, sem contundo pretender à transcendência. Transgressão da realidade causando sentimentos.
A Literatura Fantástica provoca angústia e estranhamento ao leitor.

O Carteiro e o Poeta - A poesia é de quem faz

A Poesia de Pablo Neruda(1904/1973).

Pablo Neruda, poeta chileno, deixou marca profundamente original na literatura universal, marca de viva inquietação social, continua em plena vigência, influenciando novas gerações.
O escritor criou uma obra renovadora, que segundo suas próprias palavras, "aceitou a paixão, desenvolveu o mistério e abriu caminho entre os corações do povo".
Conhecido como "poeta do povo", transporta para a poesia suas viagens pelo mundo, suas caminhadas, seus amores.
A grande característica da poesia de Neruda é a intensidade, que pode estar tanto nos eventos da história do continente, quanto nas pequenas coisas, como nos vários livros de Odes. Poeta do movimento, da inconstância, do susto.

O filme postado é uma representação viva do poeta Neruda!

Como se organiza um raciocínio?

O raciocínio é um argumento em que, estabelecidas certas coisas, outras coisas diferentes se deduzem necessariamente das primeiras. (Aristóteles-Lógica).

Uma proposta dissertativa exige liberdade de pensamento e de expressão: um ponto de vista não é melhor do que outro. Não se avalia a qualidade de um texto dissertativo pela tese que é apresentada nele. O que estará sendo avaliado é o processo de argumentação: como está sendo realizada a defesa de opinião - como está sendo desenvolvido o raciocínio - como se exemplifica, como se demonstra, como se fundamenta.
Precisamos de argumentos claros e coerentes, assim como precisamos de uma linguagem adequada e de uma lúcida estrutura lógica.



O Conto.

Uma célula dramática
Um fato
Um acontecimento, espaço
Personagem em número reduzido
O que interessa contar do personagem?
Ver na gramática emprego dos tempos verbais para fazer o conto.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O PROCESSO DE KAFKA COMO OBJETO DE ESTUDO NO TEXTO TEATRAL

O surgimento do teatro se deu como cerimônia grega e se confunde com a história da humanidade. A tragédia nasceu logo após duas grandes guerras pérsicas, abordando atos heróicos e grandes triunfos. Em nossos dias, a palavra drama é usada comumente para designar uma situação comovente que envolve sofrimento ou aflição. Originalmente, porém, a palavra drama, que vem do grego drama, significava “ação”, e era usada com relação à arte teatral. E é isto que caracteriza o gênero dramático – o fato de apresentar a encenação de um texto.
Tendo isso em conta, este estudo, realizado por meio de pesquisa bibliográfica e por entrevistas com profissionais da área teatral, pretende analisar como é a transcrição do romance O Processo de Franz Kafka para o teatro; que elementos do texto sugerem a proximidade desse texto com um roteiro de teatro utilizando-se das características tradicionais do texto teatral.

...

Na montagem de uma peça a partir do texto literário, o diretor para fazer a adaptação necessita que o personagem tenha um grande impasse. Estruturalmente, que tenha alguém com um grande problema e que busca solução para o problema, então o conflito está declaradamente armado, este é o elemento dramático. Há um desdobramento, alguma ação de um personagem que se encontra frente a inúmeros obstáculos. Existe um problema claro.
No romance O Processo, a divisão em capítulos facilitou para uma montagem de teatro. O discurso direto que é uma característica tradicional do texto teatral foi facilmente adaptado, segundo José Henrique Moreira, foi feito uma transposição da obra de Kafka.
Os elementos que entram em jogo na organização – produção, maquiagem, luz e figurino – é uma decisão derivada do ambiente, as decisões saem do romance. Faz parte também da estrutura o fato de haver poucas cenas e muita gente. Para o público fica tudo muito claro quando um ator está representando outro personagem.

Recontando "A Bela Adormecida".

Era uma vez um rei e uma rainha que moravam num lindo castelo no Norte da Europa e não tinham filhos.
A rainha Frigga andava sempre tristonha pelos cantos do castelo quando numa linda manhã de sol tomava seu costumeiro banho na lagoa, um peixinho saltou da água e disse:
- Minha doce rainha, alegra-te, pois o seu desejo será realizado, terá uma linda filha.
A rainha correu para o castelo e contou ao rei o que ouvira do peixinho. Então daí por diante puseram-se a preparar a chegada da princesa. Logo depois nasceu uma menininha que o casal chamou de Angélica.
O rei muito feliz convocou todos os membros importantes do reino, inclusive queria chamar as sete fadas que tinham maior valor para que abençoassem sua linda filha, mas no castelo havia apenas seis pratos e seis talheres de ouro disponíveis, o rei então resolveu deixar uma fada sem convite.
No dia da festa, tudo estava maravilhoso. As fadas ficaram encantadas com a beleza de Angélica. Quando a quinta fada já a havia abençoado, a sétima fada que estava muito zangada por não ter sido convidada chegou e fez um juramento dizendo:
- Pela falta de consideração do rei, eu amaldiçôo a princesa, antes de completar seu décimo quinto aniversário sofrerá um atentado que a levará a morte, mas nesse momento, a sexta fada que ainda não havia dado sua bênção completou:
- A princesa sofrerá um ataque que a fará dormir, mas não morrerá, pois o beijo do verdadeiro amor a salvará.
O tempo passou e Angélica tornou-se uma adolescente linda, delicada e sonhadora, mas neste momento não muito feliz por que o rei a estava proibindo de namorar Eros, um jovem de uma comunidade das redondezas do castelo. Eros era plebeu, filho de um casal de lavradores.
As discussões eram constantes. A rainha não concordava com o marido, mas nada podia fazer. Angélica quase não saía de casa e sempre muito vigiada nunca mais encontrara seu amor.
Um mês antes dos quinze anos de Angélica, saiu em todos os jornais o grande baile que a família real promoveria. Um dia, Angélica acordou bem disposta e pediu ao rei que a deixasse fazer um passeio, o rei convocou um guarda para acompanhá-la. O dia estava nublado, quando de repente durante o passeio vários homens cercaram a carruagem da princesa detendo o guarda e a levaram sem deixar pistas.
Todo o reino sofria com o desaparecimento de Angélica. Vários jovens se dispuseram a procurar a princesa e nenhum obtivera sucesso.
O rei daria qualquer coisa para ter sua doce filha de volta. Estava na companhia da rainha quando anunciaram a chegada de um jovem chamado Eros. O rei não reconheceu o nome e mandou-o entrar. Achando tratar-se de mais um jovem da alta sociedade disposto a procurar sua filha, surpreendeu-se ao ver o rapaz com vestimentas humilde e visivelmente abatido, perguntou-lhe:
- De onde vens e o que podes querer neste castelo?
- Venho em nome de meu amor por Angélica, senhor! – exclamou o jovem.
- O que você acha que pode fazer por minha filha? – Perguntou-lhe o rei.
- Pretendo fazer o possível para resgatar Angélica, mesmo que não tenha sua permissão para ficarmos juntos. A entregarei à Vossa Majestade. Amo sua filha, não suporto a idéia de saber que está sofrendo.
- Você não vê meu rapaz que não tem condições para salvá-la, não passa de um rapazola.
O rei estava correto em suas palavras. Eros tinha apenas quinze anos. Não tinha idade para uma arriscada missão, mas com isso obteve a admiração do rei que o abençoou dizendo:
- Sei que isso é impossível, mas se assim o fizer darei o meu consentimento para o casamento de vocês.
O rei providenciou um de seus melhores cavalos, armadura e espada para Eros e o viu partir.
Foram dias de espera. Quando finalmente Eros descobriu o esconderijo dos bandidos. Esperou uma oportunidade em que tinha apenas um homem vigiando a princesa. O homem era muito mais forte que Eros, mas ao ver sua amada desmaiada, jogada num casebre, ficou enlouquecido e esmurrou o bandido o fazendo cair.
Eros correu para ver Angélica, mas parecia ter chegado tarde demais. Abraçou-a com força, cansou de chamá-la e Angélica não acordou. Chorando muito a colocou em cima de seu cavalo e a levou para o castelo.
Ao chegar, o rei tristonho caiu a seus pés implorando que a salvasse. Eros assustado não sabia o que fazer. Deixou-a em seu quarto. As serviçais trocaram suas roupas. A rainha estava em estado de choque quando de repente lembrou-se das palavras da sexta fada. Correu pelos corredores do palácio a fim de falar com Eros que somente seu beijo salvaria sua filha.
Era véspera do aniversário de Angélica. Eros foi até seu quarto. Ela estava linda num vestido azul da cor de seus olhos. A tomou em seus braços e beijou-a suavemente e o encanto desfez-se. A princesa abriu os olhos devagar e surpreendeu-se ao ver seu grande amor. Todo o reino estava em festa, o baile de quinze anos foi também o noivado de Angélica e Eros, que logo depois se casaram e foram felizes para sempre.

Sobre Textos.

Todo texto é produto de uma criação coletiva: a voz do seu produtor se manifesta ao lado de um coro de outras vozes que já trataram do mesmo tema e com as quais se põe em acordo ou desacordo.
Os textos têm a propriedade intrínseca de se construir a partir de outros textos.